As missões

                    A História da Terra Missioneira


    A TERRA MISSIONEIRA

    Voltando há alguns séculos atrás, por volta dos anos 1600 a 1800, o mundo estava passando por profundas transformações. O sistema de organização das cidades e povoados estava mudando e isso causou muitas confusões na época.

    A Igreja Católica estava passando por um momento de crise e aliado a ela, alguns países, como Portugal e Espanha, comprometiam-se a defender o cristianismo instaurando o catolicismo nos seus domínios coloniais em troca de poder.

    Na fase de colonização, Portugal e Espanha usaram o trabalho dos padres jesuítas da Companhia de Jesus, com o objetivo de converter os índios Guarani à fé cristã, bem como garantir a navegação pelos rios da Bacia do Prata, até então dificultada pelos indígenas.

    O sistema de reduções criado pelos jesuítas foi implantado na América do Sul pela primeira vez em 1609. No Brasil, no noroeste do Rio Grande do Sul, os jesuítas chegaram em 1626, liderados pelo Padre Roque Gonzáles de Santa Cruz, e iniciaram o processo de evangelização dos índios Guarani, na margem oriental do Rio Uruguai atendendo aos objetivos da Companhia de Jesus.

    As reduções jesuítico-guarani, no Rio Grande do Sul, tiveram dois momentos de organização. Um chamado de Primeira Fase, que vai aproximadamente de 1626 a 1634, e outro chamado de Segunda Fase, que se estabeleceu em torno dos anos de 1682 a 1706.

    Na primeira fase, surgiram 18 reduções, onde jesuítas e índios conviviam no mesmo local. Esses povoados não conseguiram estruturar-se devido à invasão dos bandeirantes paulistas, que vinham para o Sul em busca de mão-de-obra escrava.

    Em 1680, os portugueses fundaram a Colônia do Sacramento, tendo como objetivo participar do comércio. Na tentativa de evitar o ataque dos portugueses e índios charrua nas terras e no rebanho que os espanhóis, jesuítas e índios Guarani consideravam propriedades suas, os jesuítas iniciaram seu retorno para o território que hoje é RS e fundaram sete reduções jesuítico-guarani, conhecidas por Sete Povos das Missões. São elas:

   - São Francisco de Borja, fundada em 1682 pelo padre Francisco Garcia (atual cidade de São Borja)
   - São Nicolau, fundada em 1626 pelo padre Roque Gonzales (atual cidade de São Nicolau)
   - São Luiz Gonzaga, fundada em 1687 pelo padre Alfonso del Castillo (atual cidade de São Luiz Gonzaga)
   - São Miguel Arcanjo, fundada em 1632 pelo padre Cristóvão de Mendonça (atual cidade de São Miguel das Missões)
   - São Lourenço Mártir, fundada em 1690 pelo padre Bernardo de La Veja (na atual cidade de São Luiz Gonzaga)
   - São João Batista, fundada em 1697 pelo padre Antonio Sepp (atual cidade de Entre-Ijuís)
   - Santo Ângelo Custódio, fundada em 1706 pelo padre Diogo de Hasse (atual cidade de Santo Ângelo)
Localização das Missões Jesuíticas na América do Sul




      O DECLÍNIO DOS SETE POVOS
    
    No século XVIII, a região estava sob disputa entre Espanha e Portugal. O Tratado de Madri de 1750 havia posto a área à disposição de Portugal em troca da Colônia do Sacramento, e a saída dos Jesuítas espanhóis ali ficou decretada. Mas este Tratado gerou conflitos: nem padres nem índios queriam abandonar suas reduções, nem os portugueses queriam abandonar Sacramento. Houve uma série de confrontos armados que culminaram na Guerra Guaranítica, que deixou um rastro de destruição e sangue que abalou as estruturas do sistema missioneiro.

    Logo depois veio fim: com a intensa campanha difamatória que os Jesuítas sofreram a partir de meados do século XVIII, a Companhia de Jesus foi expulsa de terras portuguesas em 1759, e em 1767 a Espanha fez o mesmo. No ano seguinte todas as reduções foram esvaziadas, com a retirada final dos Jesuítas. Então suas terras foram apossadas pelos espanhóis e os índios foram subjugados ou dispersos.

    Quando em 1801 eclodiu nova guerra entre Portugal e Espanha, os Sete Povos já estavam em tal estado de desintegração que com apenas 40 homens, Manuel dos Santos Pedroso e José Borges do Canto conseguiram conquistá-los para Portugal, embora pareça ter havido a participação indígena como facilitadora da tomada de posse. Depois disso, Portugal anexou o território ao Rio Grande do Sul, instalando um governo militar na região, encerrando todo um ciclo civilizatório e dando início a outro.

    Hoje, das antigas reduções, restam apenas ruínas. Ou melhor, restam as raízes de uma civilização guaranítica que se organizou a partir de um planejamento jesuítico, mas que, pela ganância dos colonizadores, foi totalmente destruída. É possível visitar, no Rio Grande do Sul, as ruínas de quatro Reduções dentro dos sítios arqueológicos sob responsabilidade do IPHAN.

    A CULTURA
   
Nossa Senhora da Conceição
    Os Sete Povos fazem parte de um importante capítulo da história do Rio Grande do Sul. Deram origem a cidades prósperas, auxiliaram na delimitação de fronteiras, e foram tema para a formação de um grande folclore regionalista de tom heróico em torno das figuras dos padres e dos índios, dentre os quais em especial Sepé Tiaraju. A cultura desenvolvida nestes centros chegou a alto nível de complexidade em termos de arte, urbanismo e harmonia social.

    Os sinais deixados pelos Sete Povos das Missões foram fortes e permanecem em formas de ruinas, marcas arquitetônicas, fronteiras, costumes e lendas da região. Suas relíquias ainda podem ser vistas nos sítios arqueológicos e nos museus regionais. Sua importância é digna da atenção da UNESCO, e o acervo de estatuária (à direita) que se preservou e está espalhado em coleções privadas e públicas é hoje patrimônio nacional tombado pelo IPHAN.



     O SANTUÁRIO DOS MÁRTIRES DO CAARÓ

    Em Caaró, município de Caibaté, se encontra o principal Santuário de veneração dos Santos Mártires das Missões (Roque Gonzales, Afonso Rodrigues e Juan del Castillo). Eles foram os primeiros evangelizadores nas terras do Sul do Brasil. O povo desta terra nunca esqueceu a memória destes seus primeiros mártires, que semearam o evangelho com seu próprio sangue. Estes três sacerdotes eram membros da ordem dos Jesuítas, exerceram o seu trabalho missionário junto aos índios Guaranis.
Santos Mártires das Missões, Caibaté/RS

    O Pe. Roque Gonzales era filho de uma família de alta posição social de Assunção, Paraguai. Os padres Afonso Rodrigues e João de Castilho vieram como missionários da Espanha.

    Depois de fundar numerosas comunidades cristãs, chamadas Reduções, entre os índios no Paraguai e região missioneira da Argentina, entraram em terras do atual Rio Grande do Sul, onde a 3 de maio de 1626 celebraram a primeira missa em terras gaúchas, na localidade de São Nicolau. Depois de dois anos e meio de intenso trabalho missionário, fundando cinco comunidades, ou reduções, foram mortos por um grupo de índios rebeldes à evangelização, liderados pelo cacique-pagé Nheçu. Pe. Roque Gonzales e Pe. Afonso Rodrigues foram mortos na recém fundada redução de Caaró, no dia 15 de novembro de 1628, e o Pe. João del Castilho dois dias mais tarde, em Assunção do Ijuí.    

    Em 28 de janeiro de 1934 o Papa Pio XI beatificou os Missionários Mártires, e em 16 de maio de 1988, em visita ao Paraguai, o Papa João Paulo II os declarou Santos.

    Os turistas que visitam o Caaró levam água que é reconhecida como milagrosa. A presença do Santuário dos Santos completa uma aura espiritual muito potente e posiciona a região como um dos locais mais importantes de turismo místico e religioso do País.


   Fontes:  www.caibate.rs.gov.br
                 www.pousadatematica.com.br
                 www.rotamissoes.com.br              
                 www.santosdobrasil.org
                 www.wikipedia.org

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